Encomendaram-me um texto anteontem. Uma grande amiga e querida leitora pediu que eu falasse um pouco sobre o fato de insistirmos várias vezes em algo que não dá certo ou incorrermos sempre no mesmo erro com pessoas diferentes. Cara amiga, as vicissitudes da vida acontecem sim e, com azar, normalmente no campo amoroso. Parece que atraímos sempre o mesmo tipo de cara: 1) ou só aparecem caras que não saem da barra da saia da mãe, 2) ou é o tipo nem-aí-com-nada - principalmente-com-você, 3) ou é aquele tipo que está na iminência de ir pra bem longe (seja em virtude do trabalho ou do estudo). Passadas várias (ou não) experiências nesse quesito, chega aquele momento da vida em que você ACHA que começou a atrair outro tipo de pessoa pra perto de você: o cara trabalha, já mora sozinho (ou seja, não corresponde ao tipo 1, nem ao tipo 2), mas de tão esforçado recebe uma promoção - em outra cidade. Automaticamente o que acontece? Ele se encaixa no tipo 3. Aí de novo, você pensa: "só atraio isso..." e, longe de seu ex-futuro-amor, resolve partir pra outra.
A ideia é, no campo amoroso ou não, temos uma forte tendência a achar que tudo na vida dá errado com a gente. Permito-me a digressão para dizer que, a exemplo próprio, esta semana foi de importância fundamental na minha vida, também nesse sentido. Sentimos, principalmente se em algum momento da vida já fomos abandonadas (por pai, mãe, amiguinho da escola ou ex-namorado), uma espécie de sentimento-de-patinho-feio. Achamo-nos persona non grata em vários episódios da vida, mas, mais do que ruim, esse sentimento é necessário. É justamente o fato de sermos insuficientemente competentes para uma vaga de emprego, desinteressantes para aquele cara por quem caímos de amores ou gordas demais para caber num 36 é que nos faz querer investir em nós mesmas profissionalmente, visualmente e intelectualmente. Caio no senso-comum de dizer que é dessa forma que a vida acontece. Imagine as possibilidades: graças a uma briga com um ex-namorado um dia você resolveu viajar, na viagem, você fez uma amiga, com essa amiga resolveu sair, e não é que num dessas saídas, você encontrou seu atual noivo? Ou quem sabe: você foi ao cinema com algumas amigas, odiou o filme e resolveu sair na metade: você então cruza com uma amor de infância e resolvem tomar um café, por que mesmo você tinha vindo ao shopping?
O negócio é: relaaaxe! Não deu certo com esse, dará com outro ou com outro. Se você pensar por outro lado, pode até ter dado certo (por pouco tempo). E agora, além de tudo, você está expert em reconhecer esses tipos. Antes de qualquer coisa, kit perguntas: o que faz?, mora com quem?, sabe cozinhar sozinho?, existe alguma probabilidade de sua profissão te mandar pra longe logo?... e assim por diante!
Uma pena não cai de uma ave por acaso e é nesses por acasos da vida que descobrimos o que ela tem a nos oferecer!
P.s.: Na verdade tinha planejado outro texto, mas nada na vida é por acaso, não é mesmo? Vai que algum editor de autoajuda está passando por aqui, precisando urgentemente de uma colunista para cobrir férias de uma jornalista que, por acaso, resolveu viajar semana passada... Não que eu seja escritora de autoajuda, mas não foi por acaso que uma amiga pediu um texto, não é mesmo?
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Um comentário:
Rsssss! Ótimo!!
Nada é por acaso...
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