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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CONTEÚDO LIVRE: Carta a um jovem escritor - LEYLA PERRONE-MOISÉS

CONTEÚDO LIVRE: Carta a um jovem escritor - LEYLA PERRONE-MOISÉS: "Prezadíssimo(a) candidato(a) a escritor(a), Você me pergunta se seu texto é bom. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pess..."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Guerra de aviõezinhos

Atiraram bolinha no Serra-há, mas o Serra-há não morreu-reu-reu.
Dona Dilma-ma admirou-se-se do escândalÔ, do escândalÔ que a globo fez! Há-há!

Esta paródia não reflete qualquer ideologia política ou ideológica, apenas a vontade intrínseca a uma apaixonada pela língua de brincar com as palavras e as possibilidades de diálogos entre os textos. Ou seja: as eleições estão decididas, interprete como quiser! 

Copa do Mundo - Argentina

Empolgada com a seletiva de O viajante, da qual estou participando desde meados de setembro, resolvi postar o texto produzido no curso de travel-writer em Porto Alegre e reformulado para a seleção (depois de olhadinha do @zizoviajante). É sempre bom que outras pessoas leiam nossos textos - arrogante aquele que acha que já chegou no seu melhor! Agora digam vocês o que acharam...


Um fora do ex-namorado e vontade de fugir de tudo foram os ingredientes suficientes para transformar o roteiro original para Peru e Bolívia, planejado inicialmente para mais de uma pessoa, em outra aventura. PRAZO: 1 mês. DESTINO: qualquer lugar urbano que me propiciasse uma solidão acompanhada e a maior quantidade possível de arte por metro quadrado – além de vários roteiros para serem feitos a pé. ESCOLHA: Buenos Aires – a cidade mais europeia da América Latina.
            Era hora de decidir a data e meu único período de férias compreendia, justamente, a época da última Copa do mundo. No pré-viagem, mesmo não sendo uma fã tresloucada de futebol, torcia duplamente: sabia que queria ver Argentina e Brasil competindo pelo título. Deixei o meu patriotismo de lado e confesso que torcia por uma classificação em ordem alfabética: a final clássica era a mais esperada vontade, mas mesmo sem o Brasil, seria divertido ver o 2º país mais fanático por futebol em dia de decisão. Marquei então as passagens em datas estratégicas. Sairia do Brasil um dia depois de uma possível classificação contra a Holanda e sairia de lá um dia depois de uma possível final com a presença do time do Maradona.
            Bem, compradas as passagens e decidido o albergue, chegou a hora de anunciar para a família e amigos a mudança de roteiro. “Sozinha?”; “Argentina, em final de Copa do Mundo? Quer apanhar?”. Não preciso dizer que fui chamada de louca, excepcionalmente por um tio viajante e apaixonado pela Argentina. Foi ele quem me deixou no aeroporto de Puerto Iguazu, já feliz com a eliminatória do time do Dunga. Coincidentemente, o atraso do avião permitiu que eu assistisse ao lado de argentinos parte do jogo contra a Alemanha. Não preciso dizer que, naquele dia, torci fervorosamente para aquele país em final de Copa. O avião saiu quando os maradonenses já perdiam de 2 a 0 e eu estava confiante numa possível virada. Jogos de futebol à parte, nada foi mais emocionante do que partir me sentindo diante das Cataratas e pequenininha aterrissando na cidade ¨porteña¨.
            A par da simpatia dos taxistas e da facilidade que era pegar um táxi em BA, estava pronta para treinar a minha habilidade comunicativa. A surpresa veio quando nem o portunhol serviu para explicar onde eu queria chegar. O taxista, de maneira nada educada, pediu para que eu falasse português que ele faria um esforço para entender. Logo percebi, pelo rádio, o motivo de sua revolta. A Argentina havia sido eliminada: 4 a 0 para a Alemanha. Na hora, não perdi a oportunidade de retribuir a grosseria o taxista em forma de brincadeira: “Como están los argentinos, muy abatidos?”. A resposta veio irônica e como eu merecia: “Estamos como los brasileños...”.
            Os dias que se seguiram propiciaram que eu vivenciasse a tristeza desse povo fanático por futebol. Enfim, não vi o clássico Brasil x Argentina, não presenciei o país vizinho na final e muito menos vi o Maradona pelado em volta do Obelisco, como prometido em rede mundial. Ao contrário disso, terminei a viagem presenciando gays comemorando que poderiam casar, um Borges na bagagem e tendo assistido à final da Copa do Mundo à frente de um pub holandês com lotação esgotada. Expectativas quebradas à parte, o sarrinho do futebol argentino inerente a qualquer brasileiro no início da viagem foi devolvido com a elegância própria do argentino: eu deixava o país visualizando a mesma quantidade de bandeiras pelas ruas de quando o país ainda estava na Copa e uma recepção calorosa ao técnico derrotado. Qualquer “diferença” com o país vizinho não é mera coincidência.